domingo, 17 de abril de 2016

Síndrome de Guillain-Barré na Zika


O Zika vírus (ZIKV), foi identificado pela primeira vez em 20 de abril de 1947, na floresta Zika (daí o nome do vírus), localizada na Uganda, na África, em um macaco do gênero Rhesus . Em seres humanos o vírus foi descoberto em 1952 na Uganda e Tanzânia. Apesar de o vírus existir por vários anos, somente no início do ano de 2015 foram registrados os primeiros casos confirmados de infecção do ZIKV no Brasil. O período de incubação do ZIKV pode variar de 3 a 12 dias após a picada do mosquito Aedes aegyptis ou Aedes polynesiensis. O ZIKV pode causar manifestações clínicas, que incluem artralgia, edema de extremidades, febre moderada que varia em 37,8 °C - 38 °C, erupções pruriginosas maculopapular com frequência, dores de cabeça, dor retro-orbitária, conjuntivite não purulenta, vertigem, mialgia e distúrbio digestivo; os sintomas podem durar cerca de 4 a 7 dias. Apesar de ser uma infecção viral considerada leve e, na maioria dos casos, assintomática, o ZIKV em casos mais severos, pode acometer o sistema nervoso central, sendo associada a síndrome de Guillain-Barré. Não há vacina ou tratamento específico para o ZIKV. O tratamento é bastante parecido com o da dengue clássica, que inclui a ingestão de grande quantidade de líquido (indispensável para combater a desidratação), para alívio da febre indica-se o uso de acetaminofeno (Paracetamol) ou dipirona e antihistamínicos podem ser utilizados em caso de erupções pruriginosas. O uso de ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios não são recomendados devido ao risco de hemorragias. 
 Já temos casos de Guilain-Barré em pacientes acometidos pelo ZIKV no Brasil.

O QUE É SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ
A síndrome de Guillain-Barré é uma doença de origem autoimune, que ocorre devido à produção inapropriada de anticorpos contra a bainha de mielina, substância que recobre e protege os nervos periféricos.
Na medicina consideramos a síndrome de Guillain-Barré uma polirradiculopatia desmielinizante inflamatória. Vamos traduzir esse palavrão nos próximos parágrafos.

Funcionamento básico do sistema nervoso
Para entendermos a síndrome de Guillain-Barré é preciso conhecer um pouco do nosso sistema nervoso central e periférico. Vamos explicá-lo de forma bem simples.
Todos os nossos estímulos sensoriais, como dor, sensação de temperatura, tato e sensação de pressão são captados pelos nervos periféricos da pele e levados para o cérebro, onde são adequadamente interpretados. Só conseguimos perceber que uma superfície está quente porque os nervos periféricos são capazes de sentir a temperatura, levando esta informação em forma de sinais elétricos através dos nervos para a medula espinhal e, posteriormente, para o cérebro.
O mesmo processo acontece com os estímulos motores, só que em sentido contrário. Quando mexemos a mão, o cérebro precisa primeiro executar uma ordem que vai até a medula espinhal e desta para o nervo periférico que inerva os grupos musculares que comandam a mão.
Portanto, os estímulos sensoriais e os estímulos motores são sinais elétricos que viajam pelo nosso sistema nervoso em direções opostas, passando sempre pelos nervos periféricos, medula espinhal e cérebro. Se o paciente tiver alguma lesão em um desses 3 pontos do sistema nervoso, os sinais elétricos sofrerão uma interrupção e o paciente pode ter paralisias motores ou perda da sensibilidade.
Na síndrome de Guillain-Barré, a lesão ocorre nos nervos periféricos motores que saem da medula espinhal e vão em direção aos músculos, sendo responsáveis por levar os comandos cerebrais para contração muscular. Nos pacientes com Guillain-Barré, o cérebro executa uma ordem para os músculos, mas ela não chega até eles, tornando o paciente incapaz de mexer certos grupos musculares.
O termo radiculopatia significa doença dos nervos que saem da medula espinhal. Como na síndrome de Guillain-Barré mais de um nervo é acometido ao mesmo tempo, ela é considerada uma polirradiculopatia.

POR QUE OCORRE A SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ?
Como já explicado, os nervos levam e trazem as informações do cérebro através de impulsos elétricos. Assim como fios encapados, os nervos também são revestidos por uma substância isolante chamada bainha de mielina. Na síndrome de Guillain-Barré, o nosso sistema imunológico passa a, equivocadamente, produzir anticorpos contra a bainha de mielina dos nervos periféricos, como se esta fosse um vírus ou uma bactéria invasora.

Bainha de mielina
O ataque dos anticorpos cria um intenso processo inflamatório e leva à destruição da bainha de mielina (desmielinização do nervo), bloqueando a passagem dos estímulos nervosos.
Os nervos acometidos pela síndrome de Guillain-Barré são basicamente os motores, sem acometimento dos nervos sensitivos. Logo, há paralisia muscular com pouca ou nenhuma diminuição da sensibilidade.
Portanto, com o conhecimento adquirido até aqui, já podemos entender por que a síndrome de Guillain-Barré é uma polirradiculopatia desmielinizante inflamatória.

Por que surgem estes auto-anticorpos?
Alguns microrganismos, como vírus ou bactérias, podem possuir proteínas semelhantes às presentes na bainha de mielina, causando confusão em alguns anticorpos. Se por azar o sistema imune criar anticorpos exatamente contra essas proteínas, os mesmos passarão a atacar não só o vírus invasor, mas também a bainha de mielina, pois para os anticorpos ambos são a mesma coisa.
Até dois terços dos pacientes com Guillain-Barré referem um quadro de infecção respiratória ou gastrointestinal (geralmente sob a forma de diarreia) semanas antes do aparecimento da síndrome. A infecção mais comumente associada à SGB é pelo Campylobacter jejuni, uma bactéria que provoca gastroenterites.
Outros eventos que podem estar associados ao surgimento da síndrome de Guillain-Barré são:
– Infecção pelo HIV.
- ZIKV
– Vacinação recente.
– Traumas.
– Cirurgias.
– Linfomas.
– Lúpus.
É bom salientar, porém, que em boa parte dos casos não conseguimos descobrir um evento desencadeante para a síndrome de Guillain-Barré.

SINTOMAS DO GUILLAIN-BARRÉ
O principal sintoma do Guillain-Barré é a fraqueza muscular, geralmente iniciada nas pernas e com progressão ascendente. Em questão de algumas horas, às vezes poucos dias, a doença começa a subir e acometer outros grupos musculares, indo em direção a braços, tronco e face.
A síndrome de Guillain-Barré pode apresentar diferentes graus de agressividade, provocando apenas leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia total dos 4 membros em outros.
O principal risco desta doença está nos casos em que há acometimento dos músculos respiratórios e da face, provocando dificuldade para respirar, engolir e manter as vias aéreas abertas. Até 30% dos pacientes com SGB precisam ser ligados a um ventilador mecânico (respirador artificial).
Cerca de 70% dos pacientes também apresentam outros sintomas além da fraqueza/paralisia muscular, como taquicardia (coração acelerado), hipertensão ou hipotensão, perda da capacidade de suar, arritmias cardíacas, retenção urinária ou constipação intestinal. Dor nos membros enfraquecidos é comum e ocorre provavelmente pela inflamação dos nervos.
Em geral, o Guillain-Barré progride por duas semanas, mantém-se estável por mais duas e, então, começa a regredir, um processo que pode durar várias semanas (ou meses) até a recuperação total. Em alguns pacientes, a SGB progride tão lentamente que a doença começa a regredir antes mesmo de chegar à parte superior do corpo. Estes são os casos de melhor prognóstico e menor risco de sequelas.
Como a bainha de mielina dos nervos periféricos tem capacidade de se regenerar, a grande maioria dos pacientes consegue recuperar todos (ou quase todos ) os movimentos. Após 1 ano de doença, 60% dos pacientes apresentam recuperação completa da força muscular e 85% recuperam-se o suficiente para já estarem andando sem ajuda, mantendo uma vida praticamente normal. As sequelas só costumam ocorrer nos casos mais graves.
A mortalidade da SGB é de 5% e, aproximadamente, 10% dos pacientes não conseguem voltar a andar sem ajuda.
Os critérios que estão associados a um maior risco de sequelas são:
· Idade avançada do paciente.
· Rápida evolução para os membros superiores, geralmente com menos de 7 dias.
· Presença de paralisia muscular já no momento da primeira avaliação médica.
· Necessidade de ventilação mecânica.
· Guillain-Barré surgido dias após um quadro de diarreia.

DIAGNÓSTICO DO GUILLAIN-BARRÉ
O diagnóstico da síndrome de Guillain-Barré deve ser suspeitado em todo paciente com quadro progressivo de fraqueza motora, com pouco ou nenhum comprometimento da sensibilidade.
Os dois exames complementares que ajudam no diagnóstico são a punção lombar, para avaliação do liquor, e a eletroneuromiografia, um exame que avalia a resposta dos músculo a estímulos elétricos.
No últimos anos alguns anticorpos contra proteínas presentes nos nervos têm sido descobertos. Os anticorpos que podem ser pesquisados no sangue são: anti-GQ1b, GM1, GD1a, GalNac-GD1a, GD1, GT1a, GD1b.

TRATAMENTO DO GUILLAIN-BARRÉ
Todos os pacientes diagnosticados com Guillain-Barré devem ficar internados para observação, mesmo os com doença leve, uma vez que o acometimento dos músculos respiratórios pode ocorrer rapidamente.
O tratamento se baseia em duas terapêuticas:
– Plasmaférese – Uma espécie de hemodiálise na qual é possível filtrar os auto-anticorpos que estão atacando a bainha de mielina.
– Imunoglobulinas – Injeção de anticorpos contra os auto-anticorpos que estão atacando a bainha de mielina.
Os dois tratamentos são igualmente efetivos e devem ser iniciados dentro das primeiras quatro semanas de doença para terem mais efeito.
O tratamento acelera a recuperação e diminui os riscos de sequelas. Antigamente usava-se corticoides, mas estes foram abandonados por ausência de benefícios nos trabalhos científicos realizados. Hoje em dia, portanto, os corticoides não estão mais indicados no tratamento do Guillain-Barré.
Quem já teve Guillain-Barré uma vez pode tê-lo de novo, mas as recorrências são incomuns, acometendo apenas cerca de 5% dos pacientes.

Fonte: http://www.newslab.com.br/newslab/revista_digital/132/artigos/artigo1.pdf
http://www.mdsaude.com/2008/12/o-que-sndrome-de-guillain-barr.html

sexta-feira, 15 de abril de 2016

O que fazer se o bebê nasce com microcefalia?



O que deve ser feito quando um bebê nasce com microcefalia?

Ana Elisa: A criança com microcefalia será investigada em relação às infecções que podem estar relacionadas. Ela será submetida a exames de imagem para coletar mais informações. Um acompanhamento específico, com uma equipe multiprofissional irá apontar o tipo de deficiência que esta criança irá apresentar e quais as medidas que vão ser tomadas para tratar essas deficiências para que a criança possa ter um bom desenvolvimento dentro do possível.

Qual o acometimento de crianças com microcefalia?

Marcio Nehab: A criança que tem microcefalia pode ter o acometimento cerebral ou pode ter outras malformações do sistema nervoso central, levando a graus variáveis de sequelas. A microcefalia pode parecer nova para a população em geral, mas esse diagnóstico de qualquer tipo de deficiência é uma questão que o IFF está acostumado a lidar há muitos anos. A gente tem uma equipe multiprofissional que lida com crianças com diversas patologias, não só a do sistema nervoso central.

Toda mãe que teve zika terá um bebê com microcefalia?


Ana Elisa: Pouco se conhece sobre o vírus zika e outros fatores poderiam estar influenciando a passagem deste vírus pela barreira placentária. Podem ter outros fatores que estejam propiciando a microcefalia. Contudo, podemos afirmar que nenhuma infecção que ocorra durante a gravidez tem uma taxa de 100% de transmissão para o feto. E quando tem infecção no feto, elas não se manifestam da mesma forma. Por ser um assunto novo, não tem como a gente afirmar qual é essa taxa de transmissão e qual a chance do feto desenvolver a doença.

Como é feito o diagnóstico de microcefalia?

Tânia Saad: O diagnóstico da microcefalia não é só a avaliação do perímetro encefálico. Para considerar o tamanho da cabeça do bebê, é preciso observar o momento em que este bebê nasceu. Se ele é prematuro, terá uma cabecinha menor, mas também terá um corpinho menor. É preciso considerar a relação entre a curva do perímetro encefálico, a curva do peso e a curva da estatura da criança; observar se existe a proporção entre o rostinho do bebê e o crânio, ou seja. Ver se não está sobrando pele sobre o crânio, que são elementos que vão ajudar nesse diagnóstico. Além disso, é preciso realizar o exame neurológico e muitas vezes no primeiro exame já é possível observar algumas alterações do desenvolvimento desse bebê. Ele é mais durinho do que deveria ser, às vezes é um pouco mais alheio. Estas são situações que ajudam também a fechar esse diagnóstico. Não só o tamanho da cabecinha.

A microcefalia tem algum tratamento?

Tânia Saad: A microcefalia tem tratamento, mas não é um tratamento específico, depende do acometimento e grau que a criança vai apresentar. Uma vez que ela tenha sido diagnosticada, será necessário cuidar das suas necessidades: fisioterapia, se ela estiver mais rígida, se estiver evoluindo com atraso no desenvolvimento; fonoaudiologia, se tiver dificuldade para engolir; terapia ocupacional para ensinar o bebê para que que servem os movimentos que a fisioterapia vai ajudar a desenvolver; fisioterapia respiratória para que ele possa respirar melhor; neuropediatria porque ele pode desenvolver crises convulsivas; a própria pediatria, gastrenterologia, nutricionista para ajudar essa criança a ter uma boa curva de peso, para que ela possa suportar bem todas as intervenções de interdisciplinaridade que vai precisar. Dependendo do acometimento, vai precisar de mais ou menos suporte.

O que a criança que nasce com microcefalia tem de deficiência?


Márcio Nehab: É impossível dizer qual acometimento cerebral ela vai ter. Ela pode ter retardo mental, paralisia cerebral, epilepsia, atraso no desenvolvimento global. Existem diversas manifestações clínicas do acometimento cerebral, levando a diferenças em relação ao prognóstico dessas crianças. Algumas crianças podem desenvolver um grau de microcefalia pequeno e que não tem nenhum acometimento cerebral. Isso pode acontecer. Existem tem gradações de microcefalia, inclusive, a Sociedade Americana de Neurologia classifica em microcefalia e microcefalia severa.

Qual o conselho para as mulheres que desejam engravidar no momento?


Leonardo Menezes: Esse é um risco que deve ser dividido. Mas como infectologista, acredito que o mais prudente é postergar a gravidez, caso haja a possibilidade, até para a gente entender melhor o que está acontecendo. Não há ainda subsídios clínicos de entendimento sobre essa doença para poder dizer por quanto tempo isso vai acontecer. A gente precisa ter tempo para entender o que está acontecendo para ter uma resposta mais fidedigna em relação ao zika.

Uma criança já nascida pode ter microcefalia se a mãe pegar zika?


Leonardo Menezes: Não. A microcefalia não é uma doença transmissível, ela está associada a uma deficiência no crescimento do cérebro, dado pela doença intraútera, ou seja, uma infecção que ocorre dentro da barriga da mãe.

O zika pode causar problemas para crianças que já nasceram?


Leonardo Menezes: A zika, assim como outras doenças, quando se pega fora da barriga da mãe não traz tantos problemas. O problema é quando a infecção ocorre ainda na formação do bebê, no primeiro trimestre da gravidez. Habitualmente, o indivíduo que já nasceu não tem um impacto clínico ou sequelas.

O zika tem o mesmo efeito em crianças e adultos?


Leonardo Menezes: Os sintomas da zika em crianças são semelhantes aos dos adultos: manchas com vermelhidão na pele, principalmente nas extremidades, que podem coçar; febre baixa; dor nas pequenas articulações; dor de cabeça; enjoo e conjuntivite leve, sem pus.

É verdade que a vacina contra a rubéola vencida é a causa do surto de microcefalia?


Leonardo Menezes: Este boato não tem fundamento. E, do ponto de vista técnico, acredito que nem o Ministério da Saúde nem as autoridades competentes dariam vacina vencida para qualquer cidadão do país.

A prevalência de infecção por vírus zika em grávidas que tiveram filhos com microcefalia é significantemente maior do que as grávidas que tiveram filhos sem microcefalia?

Leonardo Menezes: O que há atualmente é um rumor, com alguma evidência do ponto de vista de aumento da incidência da Zika, associada ao aumento de casos de microcefalia. A estatística é fundamental para começar a mostrar alguma relação entre zika e microcefalia, mas ainda não há um estudo pronto, até pela questão do tempo. Podemos ter infecção por zika em mulheres e isso não quer dizer necessariamente que uma infecção causa a microcefalia que estamos observando.

Uma mãe que já teve zika em algum momento da vida é capaz de ter um bebê com microcefalia?


Leonardo Menezes: Não há um risco maior da criança nascer com microcefalia se a mãe já tiver contraído zika no passado. Por exemplo, se uma mulher que teve a doença há um ano e engravidar hoje não terá problema maior. As infecções congênitas que levam a alterações fetais geralmente acontecem quando o paciente tem a infecção no momento da gravidez.

Uma pessoa que esteja com zika deve evitar algum tipo de medicamento como acontece no caso da dengue?

Leonardo Menezes: A dengue tem um problema maior com medicamentos porque a doença costuma cursar com a baixa de plaquetas, e estas são fundamentais na coagulação do sangue. E quando o paciente toma um anti-inflamatório, como o AAS, Ibuprofeno, o remédio inibe a adesão de plaquetas. No caso da zika, a diminuição de plaquetas não é um fenômeno muito encontrado, mas, por precaução, deve-se evitar medicamentos como anti-inflamatório e tomar o paracetamol ou dipirona.

O antialérgico pode ser indicado para zika?

Leonardo Menezes: Os antialérgicos podem ser dados como medicamentos paliativos, mas não há indicação formal para esse tipo de medicamento nessa patologia.

As receitas caseiras podem ser usadas para o tratamento da zika?


Leonardo Menezes: Não. As receitas que não têm validade do ponto de vista científico. Como membros da academia da ciência, a gente não pode recomendar uma intervenção deste tipo. Assim como no caso de repelentes caseiros e outras sugestões que falam em uma situação como esta que estamos vivendo.

Há vacina contra o vírus zika?

Leonardo Menezes: Não. Ainda não há conhecimento suficiente sobre a doença para se criar uma vacina.

Fonte: http://www.brasil.gov.br/saude/2016/01/especialistas-tiram-duvidas-sobre-zika-e-microcefalia

Microcefalia


Em entrevista ao Blog da Saúde, os especialistas do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Ana Elisa Baião, Márcio Nehab, Tânia Saad e Leonardo Menezes respondem as algumas dúvidas sobre o assunto.

O que pode gerar uma microcefalia?

Tânia Saad: A microcefalia é uma situação bastante antiga dentro da medicina. Justamente porque ela não tem uma única causa. Os vírus, de uma forma geral, podem causar microcefalia. O que a gente mais conhece é o vírus da rubéola, um dos mais antigos e que a gente já tem campanhas para evitá-lo, como a vacinação. Mas o citomegalovírus, que parece uma gripe para a mãe, também pode ser causa de microcefalia. O herpes vírus, a toxoplasmose, alguns estágios da sífilis, menos frequentemente, mas além desses quadros que são infecciosos, você também pode ter alterações do metabolismo do bebê, causando isso; você pode ter alterações do fluxo da placenta, da quantidade de sangue com nutrientes que passa da mãe para esse bebê. Por exemplo, problemas de pressão alta, que muitas vezes acontecem durante o pré-natal, podem acabar gerando um crescimento intrauterino restrito, além da própria situação genética, muitas vezes é uma família que tem tendência a ter um crânio menor ou maior.

Como funciona a ação do vírus nos casos de microcefalia?

Tânia Saad: O vírus passa pela placenta e vai então acometer o tecido cerebral de uma forma que vai desacelerar o crescimento dos neurônios e células que existem. E é essa alteração do crescimento cerebral que vai acabar causando uma alteração na taxa de crescimento do osso. Por isso que leva tanto tempo, nada que vai aparecer em duas, três semanas e possa calcificar o cérebro. Quando há calcificações é indício de que essa infecção aconteceu muito cedo na gestação. A calcificação pode impedir que o cérebro continue a se desenvolver bem.

O vírus pode ser transmitido em uma relação sexual?

Márcio Nehab: A via de transmissão mais conhecida é através do mosquito, o Aedes Aegypti. Ainda é necessário muito estudo para se chegar à conclusão de que pode acontecer a transmissão sexual, pois pouco se conhece sobre o vírus zika. No momento, temos que nos preocupar mais com o vetor conhecido, que é o mosquito, como a via de transmissão do vírus.

Se a mãe tiver o vírus zika durante o período de amamentação, ela pode transmiti-lo para o bebê?

Ana Elisa: Há relatos de pesquisa que mostraram o isolamento do vírus no leite materno, mas não existe comprovação de transmissão por essa via. Não há ainda comprovação suficiente para uma medida tão drástica que é a suspensão do aleitamento materno, que tem uma série de outras vantagens. Portanto, as mães não devem parar de amamentar. A gente sabe que tem outras infecções congênitas que podem ser transmitidas durante a gravidez e que não são transmitidas no aleitamento, embora exista o vírus no leite também. Então, à luz dos conhecimentos científicos atuais, não temos evidências para alterar condutas assistenciais e técnicas no que concerne ao aleitamento materno e aos Bancos de Leite Humano.

Qual o período mais arriscado para a gestante entrar em contato com o vírus transmitido pelo mosquito?

Ana Elisa: Ainda há muito mais perguntas do que respostas sobre o vírus zika. Até o momento, sabemos que o primeiro trimestre é sempre o mais delicado, e isso em qualquer situação, independentemente do zika. É neste período que há mais chances de o vírus, seja ele qual for, ultrapassar a barreira placentária. O que indicamos hoje é que as mulheres devem redobrar os cuidados por todo o período de gravidez.

Como as gestantes podem se prevenir da picada do mosquito? O repelente é o mecanismo mais seguro?

Ana Elisa: O repelente é, de fato, um mecanismo muito importante e eficaz de prevenção. A maior parte das marcas comerciais deles é de uma substância que as grávidas podem utilizar. É indicado usar o repelente em áreas mais expostas. Atenção a mãos, pescoço, rosto e todas as áreas que vão ficar mais expostas inevitavelmente nesse período do verão. Mas existem outras medidas para se prevenir do Aedes Aegypti, como evitar a exposição nos horários de pico do mosquito -amanhecer e anoitecer - e, na medida do possível, usar as barreiras mecânicas, como roupas de manga comprida e calça comprida.

A ultrassonografia é precisa no diagnóstico da microcefalia?
Ana Elisa: A ultrassonografia é precisa no diagnóstico de microcefalia. A ultrassonografia é capaz de identificar outras características, outras malformações cerebrais que poderiam determinar a microcefalia também e que não estariam relacionadas com o zika.

Existem casos em que só podem descobrir depois que nascem?

Tânia Saad: Sim. Se o contato com o vírus acontecer depois do segundo trimestre da gravidez pode não haver tempo suficiente para aparecer na ultrassonografia. Então, muitas vezes, depois da 30ª, 32ª semana é que objetivamente pode começar a ver indícios da microcefalia, quando a mulher, por exemplo, é infectada com dois meses, dois meses e meio de gestação o que seria aproximadamente 10 a 12 semanas.

Fonte: http://www.brasil.gov.br/saude/2016/01/especialistas-tiram-duvidas-sobre-zika-e-microcefalia

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Conflitos de gerações




Vamos evitar o máximo possível conflitos na educação dos filhos? Vejam algumas orientações:

Os conflitos entre pais e filhos atravessam gerações e são motivo de muitas reflexões sobre o tema. Educar é um equilíbrio muito delicado entre o impor limites e criar uma relação de confiança e amor.

Qual seria a origem de tantos conflitos? Do meu ponto de vista está em encontrar o equilíbrio entre os três pontos acima citados, além de romper a barreira da comunicação que muitas vezes impede que situações bastante simples, transcorram em harmonia. O que ocorre na prática é a dificuldade dos pais em afirmar seu ponto de vista em contraposição aos filhos que desejam que algo ou determinada situação lhes sejam permitidos.

Os pais enfrentam durante este processo o desafio da idade onde cada etapa do crescimento revela suas dificuldades de discernimento. Tudo muda o tempo todo. Além destas dificuldades, os pais enfrentam também a sua própria jornada diária para ganhar a vida, muitas vezes minando a energia que traria um confronto menos desfavorável num momento de conflito, tendo mais paciência para explicar motivos de algumas proibições e nãos, além de dar o tempo necessário para a colocação do ponto de vista do filho ante a situação que gerou o conflito.

A rotina desgastante do trabalho, com longas horas de dedicação, com cobranças não somente dos patrões, mas também do próprio indivíduo que busca condições melhores para si e sua família, acaba diminuindo as horas em que pais e filhos passam juntos. Passar tempo juntos cria intimidade e isto é necessário para que os pais conheçam seus filhos e vice-versa. A intimidade proporciona vivenciar um a vida do outro o que facilita em muito o diálogo.

Deve-se ter em mente, que ausência não se supre com presentes e permissividade. É, portanto muito importante que se busque formas de destinar tempo ao convívio familiar, de maneira satisfatória e eficiente; aquilo que se chama de qualidade do tempo que dedicamos à família.

Outro fator de influência nessa relação é a presença de aparelhos eletrônicos e tecnológicos no dia a dia dos pequenos. Dependendo da estrutura familiar, televisão, videogame, celular e computador podem fazer surgir verdadeiros abismos na família, se não forem usados com limites. Se todos assistirem TV ou usarem o computador no mesmo ambiente, é possível aproveitar essas tecnologias para enriquecer as conversas e criar momentos agradáveis, prazerosos e de aproximação.

Para manter, constantemente, uma boa relação com os filhos é preciso paciência e muito jogo de cintura. O equilíbrio entre a amizade e autoridade é um dos desafios que os pais devem buscar todos os dias. É preciso cuidado para não confundir autoridade com autoritarismo. A relação deve basear-se no afeto emocional também, favorecendo o elogio na hora em que ele realmente cabe e evitando críticas constantes.

É preciso deixar claro que o respeito deve estar sempre presente. Pai e mãe são pai e mãe e devem se manter neste papel, dedicando aos filhos seu amor, compaixão, amizade, afeto, carinho e atenção aos bons exemplos que passam aos filhos em suas atitudes no dia-a-dia. O exemplo dos pais é essencial para a formação dos filhos e para que eles não se deixem influenciar pelas más companhias e maus comportamentos.


Fonte: http://www.ufjf.br/secom/2009/09/30/psicologa-revela-quais-sao-os-conflitos-da-relacao-entre-pais-e-filhos-e-como-lidar-com-eles/

terça-feira, 5 de abril de 2016

Formação de bons hábitos alimentares


A formação dos hábitos alimentares na infância sofre a influência dos fatores fisiológicos e ambientais. 

A experiência com diferentes sabores inicia-se desde a gestação e a lactação. 

Para facilitar a aceitação dos novos alimentos, as crianças devem ser expostas a diferentes tipos de alimentos com freqüência a partir dos seis meses. 

A preferência inata pelo sabor doce e alimentos com um maior teor energético parece ser pouco influenciada pelos fatores ambientais. 

Entre os fatores ambientais que mais interferem na atuação dos fatores fisiológicos, destaca-se a influência do cuidador, em especial das mães. Tanto o exemplo dado pelos pais, quanto as atitudes tomadas por eles em relação à alimentação de seus filhos são importantes para a formação do hábito alimentar. Destaca-se, então, a importância de se estimular o planejamento de programas de educação nutricional dirigido às mães e às crianças, visando a melhoria das condições nutricionais na infância. 

Em países em desenvolvimento, nota-se uma acentuada influência das condições econômicas sobre a oferta de alimentos às crianças, interferindo no seu hábito alimentar. A influência da televisão reforça tendências alimentares previamente existentes, especificamente pela preferência por alimentos doces e gordurosos. 

A alimentação em grupo, principalmente nas creches, favorece a modificação de hábitos alimentares, por facilitar a aceitação de novos alimentos, sendo importante a implantação de programas de educação nutricional nestas instituições para promover uma melhora na qualidade da alimentação infantil. 

Desta forma, é possível perceber que uma variedade de fatores está relacionada à formação dos hábitos alimentares da criança. O importante é investigar, em cada caso específico, quais são os fatores predominantes para podermos realizar uma intervenção nutricional efetiva, quando esta se fizer necessária.
Fonte: http://www.ufjf.br/nates/files/2009/12/Hinfancia.pdf

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Meu filho está crescendo adequadamente?



O que fazer quando aquela linha do crescimento não acompanha o padrão esperado no gráfico? Especialistas do Departamento Científico de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria responderam as principais dúvidas quanto ao crescimento das crianças. Confira:

Como é o crescimento normal?
No primeiro ano de vida as crianças crescem em média 25cm; no segundo, 12cm; no terceiro ano entre 7-8cm e a partir do quarto ano entre 5-7cm ao ano. Antes de entrar em puberdade elas desaceleram um pouco, o que é normal, e na puberdade a velocidade de crescimento pode chegar a 10-12cm ao ano. Após essa fase, o ritmo de crescimento diminui lentamente, até terminar.

Como saber se meu filho cresce bem?
Durante as consultas pediátricas periódicas, a criança sempre deve ser pesada e medida e seus dados registrados em uma curva de crescimento. Esta é a maneira mais simples e eficaz de avaliar o crescimento. É importante lembrar que não existe uma altura ideal para cada idade e sim uma faixa de normalidade, que abrange várias estaturas, pois cada criança tem um potencial de crescimento individual, que deve ser reconhecido e respeitado. Na puberdade principalmente a variação é bem grande entre indivíduos da mesma idade.

Quais fatores interferem no crescimento?
Nos primeiros dois anos de vida a nutrição é o fator que mais interfere no crescimento. A partir dessa idade os fatores genéticos (como as alturas dos pais) passam a ter maior influência na determinação da estatura da criança. O crescimento também é influenciado pela alimentação, atividade física, doenças, uso de medicamentos e fatores psicológicos.

Quando uma criança apresenta baixa estatura?
Uma criança tem baixa estatura quando cresce abaixo da última linha do gráfico ou está desacelerando sem motivo, saindo da faixa esperada para sua família. Estas situações devem ser investigadas cuidadosamente pelo pediatra ou endocrinologista pediátrico.

Toda criança com baixa estatura precisa ser tratada?
Na maioria das vezes a criança é baixa, mas é absolutamente normal: a baixa estatura ocorre por ela ter pais baixos ou por ter um crescimento mais lento, mas com uma estatura final normal (próxima à linha inferior do gráfico). Nessas situações, geralmente apenas se acompanha o crescimento. Quando a investigação mostra que a baixa estatura resulta de alguma doença, ela deve ser tratada. São várias as causas de um crescimento deficiente, como desnutrição, erros alimentares, e qualquer doença crônica tem potencial para prejudicar o crescimento normal, incluindo as síndromes genéticas (como nas síndromes de Turner e de Noonan), crianças que nascem muito pequenas e não recuperam seu canal de crescimento até os 2 anos de idade, deficiência do hormônio de crescimento, hipotireoidismo, entre outras situações. Crianças baixas “normais” apresentam resposta variada quando utilizam o hormônio de crescimento, geralmente inferior às crianças com deficiência comprovada. Para a maioria das causas existe um tratamento específico, definido pelo pediatra ou pelo endocrinologista pediatra que a acompanha. Entretanto, há síndromes genéticas que não respondem a nenhum tratamento conhecido até hoje.

Dicas úteis:
Garanta uma alimentação variada e balanceada, sono em duração e horários adequados (mínimo 8 horas por noite), atividade física regular e exposição solar para produção de vitamina D. Mesmo que seu filho não tenha nenhum problema de saúde, mantenha a rotina de consultas pediátricas para acompanhar seu crescimento.



Fonte:http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2014/11/baixa-estatura-o-que-fazer-quando-a-crianca-nao-cresce