domingo, 27 de setembro de 2015

Bruxismo na infância - Seu filho range os dentes enquanto dorme?

Bruxismo


Muitos pais chegam aos consultórios dos pediatras ou odontopediatras assustados com a condição que acabaram de observar em seus filhos, pois a forma como se apresenta é realmente de grande impacto. 
O ranger de dentes, ou Bruxismo, causa mesmo uma impressão muito forte em quem nunca viu, ou melhor, ouviu.
A boa notícia é que não se trata de nenhuma doença grave do ponto de vista sistêmico, mas que pode sim estar causando as dores de cabeça, ao comer, na face, ou mesmo evidenciando alguma situação estressante que seu filho pode estar passando. 
Há o que possa ser feito e o quanto antes melhor, porém, é uma condição muito comum, que quem apresenta Bruxismo na infância, provavelmente vá carrega-lo para a vida adulta. A incidência pode chegar a 86%. Alta né? Vamos tratar o quanto antes!!!
O Bruxismo é definido como um hábito não funcional do sistema mastigatório, caracterizado pelo ato de ranger ou apertar os dentes, podendo ocorrer durante
o dia e durante o sono. O ato de ranger ocorre frequentemente durante o sono, períodos de preocupação, estresse e excitação, acompanhado por um ruído notável. Já o apertamento, em geral sem ruídos, é mais comum durante o dia e pode ser considerado mais destrutivo, uma vez que as forças são contínuas e menos toleradas. 
As causas podem ser dentárias, fisiológicas, psicológicas e neurológicas.
Durante a infância, o Bruxismo é mais severo nas crianças em idade pré-escolar devido às características estruturais e funcionais dos dentes decíduos, embora também apareça em crianças maiores e na dentição permanente.
As forças exercidas pelo Bruxismo podem provocar distúrbios em diferentes graus nos dentes e nos tecidos de suporte, na musculatura e na articulação têmporo-mandibular. O sinal mais comum é o desgaste nas faces incisais dos dentes anteriores e oclusais nos posteriores, além de mobilidade e hipersensibilidade dentárias, fratura de cúspides e restaurações e hipertonicidade dos músculos mastigatórios.
Dentre os fatores desencadeantes locais, pôde-se observar maloclusões, traumatismo oclusal, contato prematuro, reabsorção radicular, presença de cálculo dental, dentes perdidos, excesso de material restaurador e tensão muscular.
Há evidências de que o Bruxismo em crianças pequenas também pode ser consequência da imaturidade do sistema mastigatório neuromuscular. Alguns autores já observaram que quanto mais prolongado o aleitamento materno, menor a ocorrência deste hábito oral nocivo, como outros também.
Crianças com obstrução das vias aéreas superiores por aumento de volume das amigdalas ou adenoides têm uma associação positiva com o Bruxismo.  Após a correção cirúrgica destas condições, observa-se uma melhora considerável Do quadro.
Forte tensão emocional, problemas familiares, crises existenciais, estado de ansiedade, depressão, medo e hostilidade, crianças em fase de autoafirmação, provas escolares ou mesmo a prática de esportes competitivos e campeonatos podem atuar como fatores de origem psicológica e ocupacional para o desencadeamento desta condição. 
O Bruxismo pode ser considerado uma resposta de escape, uma vez que a cavidade bucal possui um forte potencial afetivo, além de ser um local privilegiado para a expressão de impulsos reprimidos, emoções e conflitos.
Há autores que também sugerem uma predisposição genética para a condição, mesmo ainda desconhecendo-se o modo de transmissão, uma vez que observa-se que muitas crianças que rangem dentes, são filhas de pais que também o fazem.
O conhecimento dos fatores etiológicos e das características clínicas do Bruxismo na infância é fundamental para que o diagnóstico seja precoce, permitindo que pediatras, odontopediatras e psicólogos possam estabelecer um tratamento multidisciplinar e favoreçam o desenvolvimento integral da criança para a promoção de saúde e bem-estar individual.
O tratamento consiste em um trabalho multidisciplinar que abrange a odontologia, a medicina e a psicologia.
A odontologia normalmente atua em procedimentos restauradores, tratamento ortodôntico e placas de mordida.
Em algumas situações, pode haver a necessidade de um tratamento sistêmico com uso de medicação e tratamento médico, além de aconselhamento psicológico.


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Qual é a hora certa de tirar a fralda?

Controle dos esfíncteres -  A hora de tirar a fralda
Cada criança tem sua hora. Adquirir independência para o uso do banheiro requer que a criança tenha domínio da linguagem, mais ainda motor, sensorial, neurológico e social.
Depois deste discurso inicial, deu pra entender que é algo bem complexo para ela, certo? Que tem que ter paciência... Palavra-chave: PACIÊNCIA.
Afinal, entende-se por independente, no sentido científico da questão, a criança que possui a capacidade de ter consciência de sua própria necessidade (sem precisar de lembretes dos adultos) de eliminar urina e fezes e pode manter-se seca e limpa, isto é, sem urinar ou evacuar nas calças. Estar pronto para o uso do sanitário, inclui: caminhar até o vaso ou penico, baixar as calças, sentar-se, urinar ou evacuar, fazer sua higiene, puxar as calças, dar descarga, lavar as mãos e retornar ao local onde estava.
Comecemos a pensar se por acaso, nós que já temos filhos grandes, não tivemos a tentação de força-los a um aprendizado quando ainda não reuniam condições biológicas para tal. Isto acontecerá principalmente se ao invés de nos preocuparmos com o amadurecimento psicomotor de nossos filhos, ficarmos rigidamente ligadas a conceitos de que há uma idade mágica para isso (reza a lenda que entre os 18 e 24 meses).
Há uma forte corrente que afirma, por outro lado que o desenvolvimento do controle urinário e intestinal é um processo de maturação  que não deve ser acelerado, e sim deixado até que a criança manifeste interesse em ser treinada.

Cinco áreas devem ser avaliadas antes de iniciar o treinamento da criança (Schmitt BD, 2004):
1. Controle da bexiga: capaz de permanecer seca durante várias horas, urinar um bom volume de cada vez sem ficar pingando e ter consciência de sua vontade de urinar (posturas especiais, agarrar roupas antes de eliminar a urina).
2. Controle intestinal: reconhecer sinal do reto cheio e conseguir postergar a urgência em evacuar
3. Aptidão física: coordenação motora fina nos dedos e nas mãos para pegar objetos; ser capaz de andar facilmente de uma peça para outra, sentar e levantar do vaso ou pinico.
4. Aptidão educacional: executar tarefas simples, querer agradar os pais e ser cooperativo com eles.
5. Capacidade de aprendizado: entender para que serve o vaso (penico) e estar interessada em usá-lo.

O pediatra deve iniciar a discussão com os pais ao redor de um ano, esclarecendo dúvidas e orientando a maneira adequada deste treinamento. Saber quais expectativas, métodos conhecidos e padrões normais e suas variabilidades. 

Um dos erros mais comuns é não preparar a criança antes de iniciar o treinamento. Deve-se gerar curiosidade na criança, oferecendo explicações mais ou menos seis meses antes de iniciar o processo de treinamento. Se a criança mostra interesse neste processo antes dos pais, esta oportunidade não deve ser perdida. Nenhuma punição deve ser dada à criança durante e após o treinamento. Isto geralmente torna a criança não cooperativa, fere sua autoestima e pode levar à resistência ao treinamento. 

Forçar a criança a usar o vaso ou ficar sentada quando ela deseja levantar também é desaconselhável, devendo-se neste caso postergar o treinamento por três meses e tentar novamente. Se a família está com algumas mudanças na rotina da criança (mudança da casa, nascimento de irmão, separação dos pais) o treinamento deverá ser postergado. 

A maioria das crianças demonstra sinais de que estão prontas e desejam o treinamento. Geralmente estes ocorrem ao redor dos 18 meses, mas mais comumente entre os 24 e 30 meses. O primeiro passo para o treinamento é a decisão se será utilizado um penico ou o vaso sanitário normal. Muitas crianças preferem o penico porque é pequeno e podem sentar e levantar sozinhas quando querem. 

Algumas preferem usar o vaso sanitário como seus pais ou irmãos maiores. Deve-se então comprar um redutor para o vaso e colocar um banco para a criança poder subir e descer sem ajuda e manter seus pés apoiados durante a micção e evacuação para o adequado relaxamento perineal. 

Muitas crianças querem a presença dos pais durante esta atividade, outras preferem ficar sós. O desejo da criança deve ser respeitado, assim como fornecer a segurança necessária para o correto aprendizado. Dois métodos de ensino para as atividades de treinamento de controle de esfíncteres parecem ser superiores aos existentes: a “conduta de orientação para a criança” (Brazelton) e a “conduta comportamental estruturada” (Azrin e Foxx). A orientação de Brazelton foi desenvolvida há 40 anos, porém ainda seguida e digna de mérito (Brazelton TB, 1962; Brazelton TB, 1999). Baseia-se numa orientação “passiva” onde, apesar da maturação fisiológica da criança, espera-se um interesse e aptidão psicossocial da mesma para iniciar o treinamento. Foi elaborada com a finalidade de minimizar o conflito e a ansiedade e ressaltar a importância da flexibilidade. O treinamento deve ser conduzido de maneira relativamente suave e tendo-se a confiança de que a criança aprenderá a ir sozinha ao banheiro, no tempo certo. 

Método de BRAZELTON 


Após a criança alcançar os 18 meses de idade, um troninho (penico com tampa) é colocado no chão e apresentado como sendo a cadeira da criança. Uma associação verbal é feita entre a cadeira e o assento sanitário dos pais. Coloque junto de seus brinquedos para ela iniciar a se familiarizar com ele; explique para que serve e convide-a diariamente para sentar nele com suas roupas (a sensação fria ao sentar sem roupas pode interferir com a cooperação da criança). A criança é livre para sentar e levantar quando quiser. Após uma semana ou mais, se a criança está cooperando, retirar a tampa do troninho e seguir o mesmo procedimento, ainda de fraldas. Ela inicialmente pode não eliminar fezes ou urina ao sentar e sim após. Troque suas fraldas e coloque as fezes no penico ou vaso, mostrando onde é o local correto, sem repreender ou punir a criança. Após alguns dias, remover as fraldas por breves períodos de tempo e encorajar a criança a sentar no penico. As calças devem ser fáceis de retirar pela própria criança, sem zíperes ou botões. Mostre a ela onde os adultos fazem suas eliminações e como a fazem, retirando suas calças. Se ela preferir, pode sentar no vaso com redutor e apoio para os pés. Os meninos são treinados sentados também. O treinamento da noite e da sesta é adiado até o completo controle diurno de fezes e urina. Muitas vezes ocorre no mesmo período. Se a criança não quer usar o penico e prefere realizar as eliminações nas fraldas, postergar este treinamento por 2-3 meses e tentar novamente. Ensinar a higiene das mãos após uso do sanitário. Elogie os esforços e os sucessos. Não critique as derrotas, apoie. 

Método de AZRIN E FOXX 


A orientação de Azrin e Foxx é baseada nos princípios do condicionamento e da imitação (Foxx RM & Azrin NH, 1973). É um método que utiliza um material de apoio não disponível no Brasil. Fase preparatória: obter a atenção da criança antes de dar uma instrução. Dar uma ordem de cada vez e aguardar a criança realizá-la. Elogiar ao cumprir a tarefa. Ensinar à criança as palavras que serão utilizadas no treinamento, exemplificando que estão secas e limpas ao serem trocadas, quando observam outras crianças usando o banheiro. Ajudar a criança a se vestir e despir, para que consiga retirar suas próprias calças ao ir ao banheiro. Fase de treinamento: esquematizar o tempo e material necessário: boneca que urina, uma cadeira-pinico, na qual se possa remover o pinico facilmente, guloseimas e bebidas saborosas para a recompensa e vários pares de calças ajustadas e frouxas para o treinamento. Primeiro fazer com a criança as etapas com a boneca como modelo: dar água à boneca e colocá-la no vaso, fazê-la urinar e elogiar; observar as calças da boneca e ver se estão secas, fazendo uma comparação com as suas; recompensar por estarem secas; repetir várias vezes esta sequência, durante todo o processo de treinamento; distrair a criança e molhar as fraldas da boneca, pedindo para a criança verificar; ao verificar, a criança observa que a boneca está molhada e, após ficar decepcionada, ensina novamente a técnica à boneca, várias vezes. Durante o manuseio com a boneca, a criança é convidada a sentar no vaso várias vezes e recebe elogios e recompensa ao eliminar urina ou fezes. Fase de acompanhamento: reforçar as habilidades aprendidas na fase anterior. Emprega duas técnicas: prática positiva onde a criança é solicitada a exercitar, repetidamente, a resposta correta à necessidade de ir ao banheiro e supercorreção onde a criança é instruída para mudar as calças molhadas, colocar uma outra calça seca, colocar a suja no local adequado para ser lavada e limpar o local que ficou molhado. 

Fatores que podem afetar o treinamento

O aprendizado do controle esfincteriano baseia-se em dois processos: treinamento pelos pais, que ensinam a criança onde e como evacuar e urinar e o aprendizado pela criança sobre não apenas comportamento adequado, mas ainda reconhecer os sinais de seu corpo e poder controlar a liberação ou não dos esfíncteres. Cada criança tem seu ritmo de desenvolvimento característico As meninas geralmente amadurecem mais precocemente que os meninos, principalmente nas habilidades relacionadas à socialização (falar, tirar e colocar roupas, seguir ordens), iniciando e completando o treinamento esfincteriano mais cedo. O fato de os meninos aprenderem a utilizar o banheiro de duas maneiras diferentes para urinar ou evacuar (de pé ou sentado) pode ser um dos fatores que torna o aprendizado mais demorado. Da mesma forma, fatores culturais limitam a aceitação da orientação de que os meninos devem urinar sentados inicialmente, o que eliminaria essa duplicidade no treinamento de esfíncteres.

Considera-se um treinamento precoce quando o treinamento esfincteriano é iniciado sem a presença das habilidades necessárias para tal controle (geralmente ao redor dos 18 meses) e treinamento tardio quando as habilidades já estão presentes e o treinamento não é iniciado (geralmente ao redor dos 36 meses). O início precoce do treinamento esfincteriano pode influenciar negativamente na aquisição do controle esfincteriano, principalmente quando um treinamento anterior sem sucesso foi tentado, frustrando os pais e a criança. Por outro lado, um treinamento tardio pode resultar em aumento do risco de doenças infecciosas (diarreia) nas crianças em creches, assim como um aumento da prevalência de sintomas de disfunção miccional, constipação e recusa em ir ao banheiro.



Disfunção miccional

As posições inadequadas para o esvaziamento da bexiga ocorrem quando é utilizado um penico muito baixo, criando uma posição de cócoras, que estimula pressão durante a micção. Por outro lado, um vaso sanitário normal, sem redutor, motiva que a criança contraia os músculos da coxa e não relaxe a musculatura perineal, dificultando o esvaziamento da bexiga. Diante disso, o ideal é o uso do vaso com redutor e um suporte para os pés ou um penico adequado ao tamanho da criança. A contração constante do assoalho pélvico e dos esfíncteres não permite um relaxamento adequado deste assoalho durante a micção, levando à ocorrência de resíduo miccional. A repetição desta situação acaba por propiciar um fluxo retrógrado (retorno) de bactérias da uretra para a bexiga, causando as infecções urinária da repetição. Vários estudos confirmam que meninas com disfunção miccional têm aumento do risco de infecções urinárias recorrentes e de constipação crônica com ou sem perda fecal.






segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Birra


Que atire a primeira pedra quem é pai ou mãe, que nunca se deparou com uma crise de birra de seu filho e não teve vontade de fazer picadinho do pequeno ser!
Para saber lidar com a birra, primeiramente é necessário compreendê-la. Para isso, vamos primeiramente tentar nos colocar no lugar dos pequenos.
Crescer não é fácil e entre ser um bebezinho indefeso até ficarmos mais independentes, por volta dos três anos, temos que vencer barreiras enormes. São muitas as conquistas mas também vivemos enormes frustrações.
Ao observar o que acontece ao seu redor e à medida que se sente mais capaz, a criança quer participar do que acontece ao seu redor, seja explorando, brincando, observando e na maioria das vezes imitando os outros. O problema é que nem tudo aquilo que a criança vê e deseja condiz com o que pode fazer, assim ocorre uma batalha constante entre seus intensos desejos, esperanças e receios.
Tem sentimentos que ainda não domina sozinha sem birra ou choro. Ela luta para compreender quem é e o que sente a respeito das pessoas que cuidam dela e porque as ama em determinado momento e as odeia em outros. Não pode simplesmente pedir ajuda. Em vez disso, cria situações de exigências contraditórias, porque se sente assim: indefeso e confuso.
As crianças reagem de modo muito diferente aos triunfos e obstáculos do seu segundo ou terceiro ano de vida, portanto precisam de diferentes apoio dos pais.

Muitas crianças de dois ou três anos desenvolvem todo tipo de manias e rituais, que repetem com insistência. Do ponto de vista dos pais, pode parecer tolice e até tirania, mas qual é o ponto de vista de uma criança pequena? Todos esperam nesta fase que as crianças deixem de ser bebês e se tornem mais independentes. Mas elas podem achar que os adultos estão sempre interferindo e mandando nelas. Quando insistem em usar algo estranho, ou em fazer coisas em uma sequência diferente e própria, as crianças talvez estejam tentando fazer com que você reconheça que fazem suas próprias escolhas e têm suas próprias preferências. Às vezes ajuda ceder com calma em relação a coisas que não têm muita importância. Assim as crianças terão a chance de aprender, quando também tiverem que ceder. E, é claro, haverá diversas ocasiões em que terão vontades impossíveis de realizar, ou perigosas. Sempre haverá oportunidades para que elas aprendam a respeito do significado da palavra “não”, e para que você aprenda a lidar com as lágrimas. Às vezes certa birra tem a ver com preocupações que seu filho não consegue expressar ou contar para você. A determinação dele em evitar certos objetos ou situações pode ser a maneira que ele tem de controlar seus medos. O que de fato preocupa as crianças pode não ter nenhuma conexão óbvia com as coisas que as deixam irritadas – mas é mais fácil controlar o que você deixa sua mãe colocar no prato do que controlar as ansiedades que você não compreende. Os medos tendem a ir e vir, mas se o comportamento de seu filho se tornar especialmente difícil, vale a pena pensar se ele está passando por algum tipo de stress.

Os acessos de raiva

Seu filho está lidando com sentimentos fortes o dia todo. Se nisto estão conseguindo certa estabilidade, então estão se saindo bem - mas existirão ocasiões em que perderão o controle.
Quando seu filho tiver um acesso de raiva, pense que ele está tentando demonstrar o que sente internamente no momento em que não consegue mais lidar com a situação. Pode ser simplesmente exaustão, ou porque se sente sobrecarregado. As crianças não fazem isto apenas para chamar atenção. Elas têm esses acessos porque não conseguem expressar em palavras o que sentem. Elas gritam e jogam-se para todo lado porque acham que estão por explodir. Provavelmente estão com raiva e também com medo, porque sua ira parece tão forte e perigosa que eles perdem a noção de papai e mamãe como aqueles que estão lá e podem ajudar e ser amigos. As crianças não precisam que você lhes traga uma solução, ou que tente suborná-las com presentes (embora todos já tenham tentado isso alguma vez). O que elas realmente precisam é ver que você pode se sentir zangada ou desamparada, mas que ainda assim irá mantê-las seguras, cuidando para que não se machuquem - que você irá cuidar de si mesma e delas, e que continuará amando-as. É mesmo um problema? Às vezes os pais acham que os acessos de raiva de seu filho não são do tipo que vai desaparecer. As crianças podem parecer incansáveis e destruidoras, como se não gostassem de nada. E – o mais doloroso de tudo – os pais nessa situação podem achar que existe uma barreira entre eles e a criança. Se você tiver preocupações como estas, é importante pedir a ajuda de um especialista. Não é uma boa ideia deixar as coisas como estão, aguardando que elas melhorem com o tempo.

Como os pais podem lidar?
Lidar com os acessos de raiva de seu filho não significa tentar pará-los ficando zangados. No calor do momento, é fácil ficar tão zangado quanto o filho, e gritar com ele também. Não se espera que os pais sejam perfeitos, mas espera-se que consigam controlar seus próprios sentimentos quando os sentimentos do filho ficam fora de controle. Como pais, sentimo-nos impotentes, constrangidos ou expostos quando nossos filhos têm acessos de raiva em público. Mesmo em casa, haverá momentos em que ultrapassarão nossos limites. É importante ser firme, mas também é importante ter compreensão e tolerância. Simplesmente pedir para a criança se comportar não lhe dá a capacidade de controlar seus sentimentos. Elas só podem aprender devagar como compartilhar com outras crianças ou aceitar as pessoas dizendo “não”. As crianças aprendem pelo exemplo, portanto aprendem que é possível estarmos angustiados e com raiva sem termos um acesso de ira quando tentamos lidar com nossas frustrações ou preocupações.

Beirando o limite das forças
Algumas vezes os pais sentem que não vão conseguir continuar. Podem ficar assustados, temendo machucar o filho física ou emocionalmente. Você pode achar que não está recebendo apoio ou ajuda suficientes. Você pode estar com preocupações demais no seu colo, sentir-se mal e em depressão. Se você achar que isto está acontecendo com você, pelo bem de seu filho e o seu próprio, procure ajuda para descobrir o que está errado.

Algumas dicas práticas
• Conte até 10 antes de fazer qualquer coisa, a não ser que seu filho esteja fazendo algo perigoso ou possa se acidentar.
• Não se deixe levar a uma discussão sobre o que começou tudo – ele está aquém de qualquer argumentação.
• Não exija dele mais do que ele pode dar.
• Evite comentários que apenas o magoarão – tais como ameaças de ir embora de casa, ou de que irá matá-lo. Pode ser “da boca para fora”, mas ele não sabe disso. • Não acredite que seus filhos crescerão e se tornarão monstrinhos. Acessos de raiva de uma criança com dois ou três anos logo, logo desaparecem – mas lentamente. Pode levar dois ou três anos.
• Tente lembrar-se de que nesses acessos eles estão aprendendo lições importantes sobre si mesmos – e vocês todos estão praticando para a chegada da adolescência!



Fonte: http://www.ip.usp.br/portal/images/stories/lefam/11_Birras_e_choro_OK.pdf

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Gravidez na adolescência


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Gravidez na adolescência


Atribuir um significado à gravidez na adolescência é o que pretendo com este texto.

Não se pode perder de vista que o desenvolvimento da sexualidade é um evento de extrema importância em direção à idade adulta. Muitas vezes, em busca de uma maturidade precoce, jovens vêm lançando-se a esta aventura cada vez mais cedo, sem terem a compreensão de todas as consequências que isto envolve.

Há inicialmente um deslumbramento por terem dado início à vida sexual, um marco importante para todos. Depois, como é de se esperar, vem a obrigatoriedade do enfrentamento dos efeitos físicos e psicológicos que esta escolha acarreta.

O sexo queira ou não, não é destituído, para a maioria das pessoas de envolvimento emocional. Outras consequências não de menor importância, seguem a esta escolha: dúvidas se a conduta adotada está adequada, medos, promiscuidade, exposição emocional, possibilidade de adquirir doenças sexualmente transmissíveis e a mais evidente, a gravidez na adolescência ou mesmo, a gravidez não planejada.

Sempre que este evento ocorre, há o choque pela notícia, a frustração de enfrentar que tudo o que se preconizou acerca de prevenção da gravidez tenha falhado e ela venha aparecer como um problema a ser enfrentado que depende de um suporte familiar.

É verdade que, na maioria das vezes, passado o choque, vem o conformismo, alegria e melhora no relacionamento pela chegada do bebê. Entretanto, permanece a frustração pela interrupção de projetos de vida familiar, estudos e progresso profissional desta adolescente geralmente em conflito, pois raramente tem maturidade para lidar com esta maternidade precoce e suas responsabilidades, além de muito provavelmente não estar em um relacionamento estável com o pai da criança.

A falta de estímulo e condições para dar continuidade aos estudos resultará em jovens com pouca instrução que tenderão a ter dificuldade de inserção no mercado de trabalho de forma satisfatória para poderem ter uma vida mais digna. Além disso, já carregam consigo a responsabilidade de criarem e educarem uma criança. Há dados de trabalhos que indicam uma diferença de 53% para 95% entre jovens que engravidam e que não engravidam que terminam o segundo grau.

Existem evidências do abandono escolar, por pressão da família, pelo fato da adolescente sentir vergonha devido à gravidez, e ainda, por achar que “agora não é necessário estudar”. Pode haver também rejeição da própria escola, por pressão dos colegas ou seus familiares e até de alguns professores.

Outra perspectiva que temos sobre o tema é que a despeito de tudo o que se ouve, do que se fala, do que se veicula nos meios de comunicação, a gravidez precoce continua a crescer na nossa sociedade. Neste grupo populacional vem sendo considerada, em alguns países, problema de saúde pública, uma vez que pode acarretar complicações obstétricas, com repercussões para a mãe e o recém-nascido, bem como problemas psicossociais e econômicos.

Ao enfrentarmos a questão como um problema de saúde pública, nas políticas de prevenção deve-se levar em consideração o conhecimento dos chamados fatores predisponentes ou situações precursoras da gravidez na adolescência, tais como: baixa auto-estima, dificuldade escolar, abuso de álcool e drogas, comunicação familiar escassa, conflitos familiares, pai ausente e ou rejeitador, violência física, psicológica e sexual, rejeição familiar pela atividade sexual e gravidez fora do casamento.

Têm sido ainda referidos como fatores predisponentes: separação dos pais, amigas grávidas na adolescência, problemas de saúde e mães que engravidaram na adolescência.

Por outro lado, alguns estudos sugerem que, entre as adolescentes que não engravidam, os pais têm melhor nível de educação, maior religiosidade e ambos trabalham fora de casa.

É importante lembrar também, que deve ser incluída nas estratégias de prevenção, a averiguação de atitudes frente a adolescente que engravidou, pois como vimos, depois disto, um longo e árduo caminho se desenha no horizonte desta menina.

Referência: Marta Edna Holanda Diógenes Yazlle

Professora Doutora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto–USP e responsável pelo Setor de Anticoncepção do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão

Leia mais em:

http://www.scielo.br/scielo.phppid=S010072032006000800001&script=sci_arttext&tlng=es
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n2/v14n2a08Preto–USP