segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Birra


Que atire a primeira pedra quem é pai ou mãe, que nunca se deparou com uma crise de birra de seu filho e não teve vontade de fazer picadinho do pequeno ser!
Para saber lidar com a birra, primeiramente é necessário compreendê-la. Para isso, vamos primeiramente tentar nos colocar no lugar dos pequenos.
Crescer não é fácil e entre ser um bebezinho indefeso até ficarmos mais independentes, por volta dos três anos, temos que vencer barreiras enormes. São muitas as conquistas mas também vivemos enormes frustrações.
Ao observar o que acontece ao seu redor e à medida que se sente mais capaz, a criança quer participar do que acontece ao seu redor, seja explorando, brincando, observando e na maioria das vezes imitando os outros. O problema é que nem tudo aquilo que a criança vê e deseja condiz com o que pode fazer, assim ocorre uma batalha constante entre seus intensos desejos, esperanças e receios.
Tem sentimentos que ainda não domina sozinha sem birra ou choro. Ela luta para compreender quem é e o que sente a respeito das pessoas que cuidam dela e porque as ama em determinado momento e as odeia em outros. Não pode simplesmente pedir ajuda. Em vez disso, cria situações de exigências contraditórias, porque se sente assim: indefeso e confuso.
As crianças reagem de modo muito diferente aos triunfos e obstáculos do seu segundo ou terceiro ano de vida, portanto precisam de diferentes apoio dos pais.

Muitas crianças de dois ou três anos desenvolvem todo tipo de manias e rituais, que repetem com insistência. Do ponto de vista dos pais, pode parecer tolice e até tirania, mas qual é o ponto de vista de uma criança pequena? Todos esperam nesta fase que as crianças deixem de ser bebês e se tornem mais independentes. Mas elas podem achar que os adultos estão sempre interferindo e mandando nelas. Quando insistem em usar algo estranho, ou em fazer coisas em uma sequência diferente e própria, as crianças talvez estejam tentando fazer com que você reconheça que fazem suas próprias escolhas e têm suas próprias preferências. Às vezes ajuda ceder com calma em relação a coisas que não têm muita importância. Assim as crianças terão a chance de aprender, quando também tiverem que ceder. E, é claro, haverá diversas ocasiões em que terão vontades impossíveis de realizar, ou perigosas. Sempre haverá oportunidades para que elas aprendam a respeito do significado da palavra “não”, e para que você aprenda a lidar com as lágrimas. Às vezes certa birra tem a ver com preocupações que seu filho não consegue expressar ou contar para você. A determinação dele em evitar certos objetos ou situações pode ser a maneira que ele tem de controlar seus medos. O que de fato preocupa as crianças pode não ter nenhuma conexão óbvia com as coisas que as deixam irritadas – mas é mais fácil controlar o que você deixa sua mãe colocar no prato do que controlar as ansiedades que você não compreende. Os medos tendem a ir e vir, mas se o comportamento de seu filho se tornar especialmente difícil, vale a pena pensar se ele está passando por algum tipo de stress.

Os acessos de raiva

Seu filho está lidando com sentimentos fortes o dia todo. Se nisto estão conseguindo certa estabilidade, então estão se saindo bem - mas existirão ocasiões em que perderão o controle.
Quando seu filho tiver um acesso de raiva, pense que ele está tentando demonstrar o que sente internamente no momento em que não consegue mais lidar com a situação. Pode ser simplesmente exaustão, ou porque se sente sobrecarregado. As crianças não fazem isto apenas para chamar atenção. Elas têm esses acessos porque não conseguem expressar em palavras o que sentem. Elas gritam e jogam-se para todo lado porque acham que estão por explodir. Provavelmente estão com raiva e também com medo, porque sua ira parece tão forte e perigosa que eles perdem a noção de papai e mamãe como aqueles que estão lá e podem ajudar e ser amigos. As crianças não precisam que você lhes traga uma solução, ou que tente suborná-las com presentes (embora todos já tenham tentado isso alguma vez). O que elas realmente precisam é ver que você pode se sentir zangada ou desamparada, mas que ainda assim irá mantê-las seguras, cuidando para que não se machuquem - que você irá cuidar de si mesma e delas, e que continuará amando-as. É mesmo um problema? Às vezes os pais acham que os acessos de raiva de seu filho não são do tipo que vai desaparecer. As crianças podem parecer incansáveis e destruidoras, como se não gostassem de nada. E – o mais doloroso de tudo – os pais nessa situação podem achar que existe uma barreira entre eles e a criança. Se você tiver preocupações como estas, é importante pedir a ajuda de um especialista. Não é uma boa ideia deixar as coisas como estão, aguardando que elas melhorem com o tempo.

Como os pais podem lidar?
Lidar com os acessos de raiva de seu filho não significa tentar pará-los ficando zangados. No calor do momento, é fácil ficar tão zangado quanto o filho, e gritar com ele também. Não se espera que os pais sejam perfeitos, mas espera-se que consigam controlar seus próprios sentimentos quando os sentimentos do filho ficam fora de controle. Como pais, sentimo-nos impotentes, constrangidos ou expostos quando nossos filhos têm acessos de raiva em público. Mesmo em casa, haverá momentos em que ultrapassarão nossos limites. É importante ser firme, mas também é importante ter compreensão e tolerância. Simplesmente pedir para a criança se comportar não lhe dá a capacidade de controlar seus sentimentos. Elas só podem aprender devagar como compartilhar com outras crianças ou aceitar as pessoas dizendo “não”. As crianças aprendem pelo exemplo, portanto aprendem que é possível estarmos angustiados e com raiva sem termos um acesso de ira quando tentamos lidar com nossas frustrações ou preocupações.

Beirando o limite das forças
Algumas vezes os pais sentem que não vão conseguir continuar. Podem ficar assustados, temendo machucar o filho física ou emocionalmente. Você pode achar que não está recebendo apoio ou ajuda suficientes. Você pode estar com preocupações demais no seu colo, sentir-se mal e em depressão. Se você achar que isto está acontecendo com você, pelo bem de seu filho e o seu próprio, procure ajuda para descobrir o que está errado.

Algumas dicas práticas
• Conte até 10 antes de fazer qualquer coisa, a não ser que seu filho esteja fazendo algo perigoso ou possa se acidentar.
• Não se deixe levar a uma discussão sobre o que começou tudo – ele está aquém de qualquer argumentação.
• Não exija dele mais do que ele pode dar.
• Evite comentários que apenas o magoarão – tais como ameaças de ir embora de casa, ou de que irá matá-lo. Pode ser “da boca para fora”, mas ele não sabe disso. • Não acredite que seus filhos crescerão e se tornarão monstrinhos. Acessos de raiva de uma criança com dois ou três anos logo, logo desaparecem – mas lentamente. Pode levar dois ou três anos.
• Tente lembrar-se de que nesses acessos eles estão aprendendo lições importantes sobre si mesmos – e vocês todos estão praticando para a chegada da adolescência!



Fonte: http://www.ip.usp.br/portal/images/stories/lefam/11_Birras_e_choro_OK.pdf

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